quarta-feira, março 30, 2005

A contradição do tempo

Decidi hoje, o tempo é a coisa mais contraditória que eu conheço. Nada nos trás mais esperança e medo ao mesmo tempo. Nada é tão desejado e repudiado no mesmo instante. E inexplicavelmente, à medida que o tempo passa pra nós mais ele parece acelerar. Quem de nós nunca quis voltar no tempo pra receber aquele abraço gostoso? Receber aquele beijo que deixou uma saudade que dói no coração? Pra mais uma vez assistir aquele filme abraçadinho no sofá com alguém especial que não está mais conosco? Por outro lado, quem nunca quis saber como seria a sua vida daqui a 10, 20 anos? Quem nunca quis que o tempo passasse logo pra que uma dor parasse? Contou os minutos para estar perto de uma pessoa querida? Pra chegar alguma data especial?

O tempo age sobre nós como amigo e inimigo. Nos trás dor, alegria, angustia, alivio. Quando crianças tudo parece demorar mais pra chegar. Aniversários, festas, fim de semana, natal, férias. Temos tempo pra tudo, até pra não fazer nada. Ficamos emburrados nas férias porque num tem nada pra fazer e o tempo nos sobra. Pensamos no futuro com uma inocência típica da infância. “Quando fizer 18 anos terei um Escort XR3 conversível” era o que eu pensava. “Com 25 terei minha casa”, sentenciava. Tudo era mais fácil e o futuro parecia tão longe. Mas ao crescer perdemos essa inocência e encaramos o mundo real. O tempo fica escasso. Temos tanto a fazer q a semana voa. Estamos na segunda, mas “puxa! Já é sexta?!”. As pessoas querem abraçar o mundo com as pernas, fazer tudo ao mesmo tempo. Realmente, o tempo anda mais rápido quando ficamos mais velhos.

Assim como pra todas as pessoas, o tempo já deixou suas marcas em mim. Já senti uma semana demorar mais que um mês esperando Papai Noel chegar. Já pedi que ele passasse logo pra que uma dor parasse. Já desejei voltar no tempo pra sentir mais uma vez uma emoção que me marcou. No entanto, a vida parece ser assim. Essa busca, essa saudade. O único remédio na verdade é a nossa única opção: viver. Viver da melhor forma possível, buscando acertar sempre, mas aprendendo com os erros. Por mais repetitiva que essa frase pareça, é sempre importante dizer. Viva intensamente, como se fosse o ultimo dia. Faça suas coisas com amor. Procure sempre o que faça feliz. O medo e a esperança que o tempo trás não está no próprio tempo, está em nós. A medida de cada um em nossas vidas somos nós quem decidimos. Viver com medo ou com esperança é uma opção pessoal. Faça a sua escolha. Mas não se preocupe em errar. Só o tempo sempre garante a você uma nova chance de tentar.
Comecei esse texto com uma decisão formada. Termino com outra, contradizendo a primeira. O tempo não é o que há de mais contraditório na vida humana. Nem o amor, a amizade, a morte. O que há de mais contraditório na vida humana é o próprio homem, que mesmo com várias chances de acertar, insiste em ser errado. Mas o que é certo e errado? Isso já assunto pra outra crônica. Mas agora não tenho tempo de escrever outra.
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperá-la.Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por não viver no presente nem no futuro.Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..."
Confúcio

terça-feira, março 22, 2005

O Mundo

“O mundo é pequeno pra caramba, tem alemão, italiano, italiana. O mundo filet à milanesa, tem Coreano, Japonês, Japonesa. O Mundo é uma salada russa, tem nego pérsia, tem nego da Prússia. O mundo é uma esfirra de carne, tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire. O mundo é azul lá de cima, o mundo é vermelho na China. O mundo ta muito gripado, açúcar é doce, o sal é salgado. O mundo caquinho de vidro, ta cego de um olho, ta surdo de um ouvido. O mundo ta muito doente. O homem q mata, o Homem q mente.” Esse é um trecho da música “O mundo”, q expressa ao mesmo tempo toda diversidade e ignorância presente no mundo. O que há de mais interessante no mundo é a diferença que existe em cada parte dele. As peculiaridades de cada região, de cada cidade, de cada povo. A grande questão é pq os homens ainda se viram contra o diferente, desprezam o que vai contra o senso comum?
Dessa vez me peguei pensando nisso depois de ver várias vezes alguns amigos sendo um tanto quanto preconceituosos sobre um ou outro grupo, no caso contra Hippies. “Morte aos hippies, aquele povo sujo”. O que nos faz pensar que existe uma cultura superior a outra? Pq um grupo se acha mais avançado que os outros? Por que uma existem culturas superiores e inferiores. Porque existe o radicalismo, o extremismo, o fanatismo, que gera na cabeça das pessoas verdades absolutas, dogmas. Os dogmas são feitos pra gerarem amarras mentais nas pessoas, uma vez q a própria definição de dogma é verdade inquestionável. Se você for católico e parar pra pensar, você não cresceu com um certo preconceito contra evangélicos, espíritas, religiões que junto com a católica são mais comuns no Brasil? Extremismos, radicalismos são o que causam conflitos no Oriente Médio, País Basco, Irlanda.
As diferenças fazem o mundo girar, evoluir, crescer. O controverso, a opinião contrária é a base da evolução científica. Sem esse inconformismo e curiosidade que sempre esteve entranhado no ser humano, ainda acreditaríamos que a Terra é o centro do universo, que o mundo acaba num abismo, que o Brasil ganhou 5 copas porque Deus é Brasileiro...Opa!! Agora acho que exagerei um pouco, desculpem...Mas pensem em como se deu a evolução humana. O Brasil é o exemplo mais claro de como essa interação cultural é maravilhosa e funciona bem. Somos um país de inúmeras culturas e inúmeras crenças.
Sociologicamente falando, o termo cultura denota o conhecimento comum de um povo, seu modo de vida, suas crenças. Assim não pode haver uma cultura superior à outra. Um Índio é tão culto quanto um europeu ou um japonês, pq cada um conhece os aspectos do conhecimento comum do seu povo. O que há de diferente entre elas, e é usado levianamente para justificar essa superioridade, são evoluções tecnológicas próprias de cada uma delas.
Acho extremamente importante e mais ainda, extremamente empolgante poder conviver e incorporar no meu modo de vida elementos provindos de outros grupos que não sejam da minha convivência. Mesmo indo contra a corrente, é importante tentar entender o lado oposto. Criticas e opiniões divergentes podem e devem sempre existir, preocupando-se apenas em buscar um entendimento comum, não uma sobreposição de idéias.
War (Guerra)

Composição: Bob Marley
Até que a filosofia que torna uma raça superior e outra inferior, seja finalmente permanentemente desacreditada e abandonada, havera guerra, eu digo guerra. Até que existam cidadãos de 1º e 2º classe em qualquer nação. Até que a cor da pele de um homem não tenha maior significado que a cor dos seus olhos havera guerra. Até que todos os direitos basicos sejam igualmente garantido para todos, a sem distinção com raça, ate esse dia o senhor da paz final, da almejada cidadania e o papel da moralidade, internacional, não sera mais que mera ilusão a ser percebida e nunca atingida agora havera guerra, rumores de guerra. Até que o governo que humilha nossos irmãos da Angola, em Mozambique, Africa do sul escravizada, não mais exista e seja destruido havera guerra, eu disse guerra. Guerra no leste, guerra no oeste, guerra no norte, guerra no sul, guerra. Rumores de guerra. Até esse dia, o continente africano não conhecera a paz. Nós africanos lutaremos, nós acharemos e conheceremos a vitoria. O bem sobre o mal, bem sobre o mal...

sábado, março 19, 2005

Joguei a chave fora

Engraçado o rumo q as coisas tomam na vida da gente. O mundo dá tantas voltas. Percorremos nossos caminhos tortuosos, cheio de medos e inseguranças, entretanto sempre chegamos no lugar onde desejamos chegar. Desde que realmente desejemos e busquemos. Estou começando minha primeira crônica - se é que isso no fim será uma crônica - estou finalmente buscando expressar meus sentimentos, o que eu vejo do mundo, como eu vejo as coisas acontecerem. O fato é que a noite de ontem me abriu os olhos, expandiu a minha cabeça. Alguns amigos com os quais já conversei a respeito sabem q tenho um desejo mto grande de escrever, criar algo que seja bom para mim e para outras pessoas lerem. Ontem eu me deparei com os argumentos de duas antigas amigas, ambas de Montes Claros, sobre esse assunto de expor suas idéias, expor sua vida de uma certa forma. Primeiro foi Ana Letícia. Questionando-me sobre o meu outro blog, quis saber se não me importava de expor a minha vida às pessoas. Sejam elas conhecidas ou desconhecidas. Se não tinha medo de ser interpretado de uma outra maneira que não fosse q que estava tentando passar. A pergunta não era nova, pois eu já havia feito ela a mim mesmo. Respondi que não. Escrever histórias sobre o nosso cotidiano, quase como em um diário, é uma forma de dar noticias as pessoas que querem saber mais sobre nós. Sejam elas amigos ou simples conhecidos, ou até mesmo desconhecidos. Como diria Marcelo D2, "a vida é um eterno perde e ganha, um dia a gente bate, no outro a gente apanha". E assim eu acho q funcionam as coisas. Trocando experiências. Respondida a pergunta Ana Letícia comentou comigo sobre o site de uma outra amiga, a Talita, que possui um blog com textos de grande beleza e sensiblidade. A Talita ainda se espanta quando algum amigo comenta sobre seu "dirário virtual", porque lá estão escritos histórias de sua vida, coisas que acontecem com ela no dia-a-dia. O que realmente pode deixar algumas pessoas receiosas sobre como outras pessoas irão interpretar. No meu caso, acho que interpretei da melhor forma possível. As histórias que lá encontrei são de uma sensibilidade única, de uma beleza tão simples que me abriu a cabeça e me inspirou profundamente. Irônicamente, eu que procuro sempre ter uma visão ampla das coisas, procurando ter a mente aberta ao diferente, me vi com o pensamento extremamente fechado. Imaginava que meu impeto literário deveria ser liberado quando eu encontrasse uma idéia mirabolante para por no papel. Tolo engano. Encontrei no "Crônicas Forenses" textos incríveis, inspirados por fatos "simples", ocorridos cotidianamente. Percebi que o texto não depende apenas do assunto, mas da visão que possuimos das coisas. Não possuo o prepotênica de achar que escreverei como um Luis Fernando Veríssimo da noite para o dia. Porém, assim como corridas diárias nos dão mais fôlego a cada dia, o exercicio da escrita pode me tornar um escritor melhor. A partir disso, decidi encarnar virtualmente o Dr. Simão Bacamarte e seguindo seus passos, me trancarei dentro da minha própria Casa Verde, buscando um crescimento senão literário, ao menos humano. Estarei, a partir de hoje, prestando mais atenção ao que acontecem debaixo do meu nariz, ao que se passa diante dos meus olhos. Quem sabe assim, um dia, não cresço o bastante para alcançar a minha estrela, encontrar a minha idéia mirabolante.