A contradição do tempo
O tempo age sobre nós como amigo e inimigo. Nos trás dor, alegria, angustia, alivio. Quando crianças tudo parece demorar mais pra chegar. Aniversários, festas, fim de semana, natal, férias. Temos tempo pra tudo, até pra não fazer nada. Ficamos emburrados nas férias porque num tem nada pra fazer e o tempo nos sobra. Pensamos no futuro com uma inocência típica da infância. “Quando fizer 18 anos terei um Escort XR3 conversível” era o que eu pensava. “Com 25 terei minha casa”, sentenciava. Tudo era mais fácil e o futuro parecia tão longe. Mas ao crescer perdemos essa inocência e encaramos o mundo real. O tempo fica escasso. Temos tanto a fazer q a semana voa. Estamos na segunda, mas “puxa! Já é sexta?!”. As pessoas querem abraçar o mundo com as pernas, fazer tudo ao mesmo tempo. Realmente, o tempo anda mais rápido quando ficamos mais velhos.
Assim como pra todas as pessoas, o tempo já deixou suas marcas em mim. Já senti uma semana demorar mais que um mês esperando Papai Noel chegar. Já pedi que ele passasse logo pra que uma dor parasse. Já desejei voltar no tempo pra sentir mais uma vez uma emoção que me marcou. No entanto, a vida parece ser assim. Essa busca, essa saudade. O único remédio na verdade é a nossa única opção: viver. Viver da melhor forma possível, buscando acertar sempre, mas aprendendo com os erros. Por mais repetitiva que essa frase pareça, é sempre importante dizer. Viva intensamente, como se fosse o ultimo dia. Faça suas coisas com amor. Procure sempre o que faça feliz. O medo e a esperança que o tempo trás não está no próprio tempo, está em nós. A medida de cada um em nossas vidas somos nós quem decidimos. Viver com medo ou com esperança é uma opção pessoal. Faça a sua escolha. Mas não se preocupe em errar. Só o tempo sempre garante a você uma nova chance de tentar.
Comecei esse texto com uma decisão formada. Termino com outra, contradizendo a primeira. O tempo não é o que há de mais contraditório na vida humana. Nem o amor, a amizade, a morte. O que há de mais contraditório na vida humana é o próprio homem, que mesmo com várias chances de acertar, insiste em ser errado. Mas o que é certo e errado? Isso já assunto pra outra crônica. Mas agora não tenho tempo de escrever outra.